No ringue da luta livre com seis saias: conheça a história das Cholitas Luchadoras bolivianas
Primeiro, são feitas as tranças. Depois vem a meia-calça, o cinto, a blusa, as sandálias e as cinco camadas de saias — chamadas de anáguas — que se escondem por debaixo de mais uma, a típica pollera. Montado o figurino, agora é a vez dos detalhes: chapéu-coco, manta e brincos.
Por Sarah Lídice
sarahlidice@usp.br
05 dez 2020
A princípio pode parecer estranho, mas é dessa maneira que a boliviana Nathalia Pepita, 21, se prepara para entrar no ringue da luta livre, sendo categórica ao dizer que não gosta nem um pouco de perder. Seu ritual só termina ao derramar álcool sobre a figura de Pachamama, divindade dos povos andinos, quando pede para a luta acontecer sem maiores complicações.
Pepita integra um grupo de mulheres indígenas bolivianas conhecidas como cholas, sendo cholita uma conotação para aquelas mais jovens. Uma parte importante da identificação desse grupo é o uso da pollera, um tipo de saia volumosa e comprida, como aquela usada por Nathalia para compor a curiosa figura das Cholitas Luchadoras.
A história dessas bolivianas com a luta livre — atividade por vezes classificada não como esporte e sim como entretenimento esportivo — começou há quase 20 anos. Imersas em um ambiente onde cultura, história e simbolismos extravasam as quatro cordas do ringue, elas conquistaram durante esse tempo o coração do público local e conseguiram ainda atrair atenção internacional.
A hora e a vez das cholitas
As cholitas passaram a ocupar o ringues só em 2001, marcando, de fato, uma contribuição bem particular da Bolívia para o universo da luta livre. Mas essa inserção não foi nada romântica.
Em um contexto de baixa popularidade dessa atividade esportiva no país, os organizadores estavam buscando uma maneira de angariar público, principalmente o local. Foi assim, com um certo viés econômico, que as lutas com as cholitas começaram. Nesse início, porém, a participação delas era algo tido mais como uma “zombaria” do que uma luta profissional.
“Era uma coisa, inclusive, muito dirigida para o público masculino, porque eles gostam das cholitas. Geralmente, a cholita é uma mulher muito tradicional que não mostra muita pele. Todas as suas roupas sempre a cobrem. Então, parecia atraente para eles o fato de que quando elas se viravam, suas pernas podiam ser vistas”, comenta Sanjines, sobre a conotação sexualizada do que era a Chola nesses momentos iniciais.
Com a profissionalização e a ambientação delas nesses espaços, o público começou a valorizá-las pela técnica e também pelo carisma que acompanha os aspectos teatrais da luta. “Agora elas são as estrelas do espetáculo. Qualquer grupo de wrestling na Bolívia, que queira começar a lutar, tem que considerar obrigatória a presença de mulheres e cholitas, porque senão o público não irá”, finaliza.
fonte: jornalismojunior.com.br
The Fighting Cholitas (2006) documentary film complete movie
Créditos/vídeos:
• The Wrestling Cholita
AJ+
• The Fighting Cholitas (2006)
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