Mercado de Las Brujas e o sincretismo boliviano
O Mercado de Las Brujas é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade de La Paz, capital e sede do governo do Estado Plurinacional da Bolívia.
Maycon Esquer
14 de abril 2019
Sapos dissecados, feto de lhama, talismãs, amuletos, figuras da cosmovisão andina talhadas em pedra, poções, bebidas afrodisíacas, entre outros, são apenas alguns dos produtos que você pode encontrar caminhando pelas estreitas vielas da Calle Sagarnaga. Produtos utilizados pelos aymaras assim como por outras etnias indígenas para rituais religiosos e oferendas à Pachamama, Mãe Terra em língua aymara.
Conchas para utilização em oferendas — Foto: Maycon Esquer
Dirigido por artesãos, xamãs, e indígenas de toda parte da Bolívia, o Mercado de Las Brujas é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade de La Paz, capital e sede do governo do Estado Plurinacional da Bolívia. Turistas chegam todos os dias de todas as partes do mundo para conhecer esse lugar místico e mágico repleto de simbolismos que remetem às crenças que compõem a cosmovisão indígena da região.
Ainda que não se precise exatamente o ano de sua fundação, historiadores afirmam que sua existência origina-se na dinâmica de comércio que era utilizada pelos incas e outras etnias que compunham essa região da Bolívia até a chegada dos espanhóis, onde indígenas vendiam e trocavam seus produtos, que iam desde artesanatos e ervas medicinais aos mais variados artigos necessários a realização de suas oferendas a Pachamama.
Interior de uma tenda no mercado — Foto: Maycon Esquer
Sendo a deidade máxima, Pachamama representa a terra e todas as coisas que nela coexistem, portanto, de acordo com a cosmovisão andina, em todas as coisas que fazemos devemos antes pedir a sua permissão, através das oferendas que servirão como seu alimento, uma vez que esta está sempre faminta por ser o sustentáculo que fornece vitalidade a todas as coisas existentes.
Localizado a apenas algumas quadras de distância de uma das Igrejas mais antigas do país, a Basílica de São Francisco, é muito comum ver o fiéis, que logo após saírem da igreja e terem realizado suas preces à divindades cristãs, visitando o Mercado para comprar os artigos que precisam para realizar oferendas às suas divindades ancestrais originárias. O avanço tanto da colonização religiosa quanto da globalização ao longo dos anos parecem não terem sido capazes de impedir a preservação do Mercado de Las Brujas, que se tornou o retrato mais fiel do sincretismo que insurgiu na sociedade boliviana desde a sua colonização como válvula de escape para uma comunidade globalizada que não coloca de lado sua tradição e orgulho indígena.
Anoitecer na Basílica de San Francisco — Foto: Maycon Esquer
Maycon da terra brasilis, um elo consanguíneo e amor pela Bolívia
Maycon de Souza Esquer, de 21 anos, descendente de bolivianos por parte de pai, seus avós, assim como seu pai, são originários da Chiquitania Boliviana. Por ter morado...
1 Comentários
Amei o lugar, já está na minha lista de próximas viagens ????
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Quase lá...