Estrangeiros podem participar da 10ª Mostra 3M de Arte!
Os interessados devem - Residir no Brasil; - Ter mais de 18 anos; - Ter cinco anos atuação profissional comprovada como artista contados a partir de sua primeira participação em exposições em espaços dedicados a esse fim; - Não estar vinculados à produtora, a organização da exposição e ao Grupo 3M do Brasil, seja diretamente ou indiretamente por filiação, ascendência e casamento.
Inscrições Abertas
O edital para seleção de 03 trabalhos que participarão da 10ª Mostra 3M de Arte está aberto para artistas brasileiros, residentes no país ou não, e estrangeiros residentes no Brasil. É uma iniciativa que sempre acompanhou a exposição e que fomenta a produção artística nacional.
As inscrições podem ser feitas de 20 de abril a 18 de maio. Confira abaixo o regulamento e a ficha de inscrição.
REGULAMENTO
mostra3mdearte.com.br/files/edital_de_selecao_10aa3m.pdf
FICHA DE INSCRIÇÃO
mostra3mdearte.com.br/files/ficha_de_inscricao_10aa3m.pdf
Lugar Comum:
Travessias e coletividades na cidade
"No cerne da necessidade de uma política que transformasse a vida, e que pudesse ser transformada por ela, não havia reclamação contra a injustiça, mas o desejo de encontrar a boa voz para o corpo de cada um, a fim de combater o profundo sentimento de ser falado por outros (...)"
— Claire Fontaine
"Quando o espaço é inteiramente familiar, ele se torna lugar."
— Lina Bo Bardi
Se podemos pensar que idealmente toda arte deve ser pública porque o fazer artístico em última instância é um ato de criação e de reflexão sobre o mundo, o problema do acesso à arte se torna uma questão urgente. Tanto mais urgente quando é crescente o processo de exclusão social e portanto de acesso à cultura na sociedade contemporânea. Fazer arte para e com o espaço público é portanto uma forma de pensar sobre a própria função da arte.
Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas – atualmente 55% da população mundial vive em áreas urbanas e a expectativa é de que esta proporção aumente para 70% até 2050¹. A cidade é a realidade cotidiana da maior parte da população do mundo e uma forma de começar a refletir sobre ela é entender as suas funções históricas tradicionais: a "troca (o comércio), a informação, a vida cultural e o poder"². Esses quatro aspectos implicam comunicação e contato e nesta perspectiva a cidade compreende por definição, a experiência de relação com um "outro".
Progressivamente, a medida que a urbanização se expandiu em território e população no mundo todo desde o século XIX, a cidade se tornou um espaço de convivência de muitos. No sul global, o crescimento desordenado das cidades emoldurou enormes dificuldades cotidianas para a maioria dos cidadãos que com certeza tem ecos na própria formação histórica da sociedades pós-coloniais. No século XX, a sobreposição de temporalidades e a grande densidade física experimentadas cotidianamente concretizaram uma espécie de caos que levou a processos de massificação de sensibilidades e de invisibilização de singularidades de forma bastante violenta e que ainda estão em curso. São Paulo como outras grandes metrópoles é uma aglomeração bastante diversa mas seus cidadãos vivem a maior parte do tempo em bolhas de socialização muito pautadas pelos processos de individualização da organização contemporânea do trabalho e da renda. Vivemos de forma cada vez mais autônoma (e autômata) em percursos que fazemos juntos sem realmente nos encontrarmos.
Diante disso, as possibilidade de que pessoas tão diversas consigam entender a perspectiva umas das outras, no sentido de um sentimento coletivo de pertencimento, torna-se cada vez mais difícil. Numa entrevista dada à revista Gama, publicada no dia 2 de abril, o psicanalista Cristian Dunker afirma que para produzir isso (o sentimento de pertença a um grupo), precisamos de um gosto pela experiência da dissolução de si, em uma relação em que a nossa individualidade é provisoriamente suspensa. Essa experiência não vale para a massa, mas para comunidades, onde se tem uma experiência comum, que é asseguradora e indutora do nosso sentimento de pertença." Nesse sentido, a potência da cidade como território do encontro e palco da experiência do comum pode ainda ser possível quando ela é experimentada como "comunidade".
Pensar e conceber a cidade como comunidade, ou como lugar comum é o desejo dessa proposta.
Lugar Comum pretende dar espaço às formas de imaginação que exploram a colaboração, as possibilidades de diálogo entre diferentes e de aprendizado mútuo, de escuta e de comprometimento com o coletivo. Nosso projeto experimenta tornar visível a personificação da vida ativa em conexão com o entorno, criando situações e experiências que nos permitam enxergar a cidade desde a perspectiva do comum, concretizado no espaço público do parque. Mais especificamente, neste projeto curatorial queremos pensar o desdobramento da noção de público, de experimentação e de colaboração em obras que sejam por elas mesmas a formalização dessas ideias. Visando ter em conta um debate entre as esferas estéticas e sócio-políticas e envolvendo não somente artistas e trabalhadores culturais mas profissionais e agentes de outras aéreas.
A questão abordada aqui, ganhou uma dimensão ainda mais urgente nas últimas semanas. A realidade lançou um chamado para praticarmos nosso senso de colaboração pois a cada novo caso de infecção por Covid19 (corona vírus) reportado é a humanidade como um todo que sofre as consequências. Fomos lembrados de que fazemos parte de uma grande comunidade. Precisamos aprender a viver juntos e enxergar no outro um igual na sua singularidade. Somos dependentes de nós mesmos.
Camila Bechelany
Curadora
fonte: mostra3mdearte.com.br
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