Com 74 anos e quarenta de fotografia, Dom Alberto não pretende parar tão cedo
Quem frequenta os eventos e festas da comunidade boliviana em São Paulo, quase sempre vai encontrá-lo.
De poucas palavras, olhos atentos e uma fisionomia séria, Alberto Apaza, mais conhecido com Dom Alberto, 74 anos, há 48 fotografa encontros da comunidade boliviana em São Paulo.Raramente visto sem seu instrumento de trabalho, a câmera já se tornou uma extensão do seu corpo. Mas nem sempre foi assim.
No auge de seus 21 anos, deixou tudo para trás numa cidade do interior de La Paz. Em busca de novos caminhos, em 1962 chegou à terra da garoa, onde conseguiu seu primeiro emprego.
Contrariando o estereótipo da costura, trabalhou durante seis anos numa rede de padarias, a Benjamim Abrahão, existente até hoje (www.benjaminabrahao.com.br).
Depois de algum tempo, entre pães e cafés, surgiu a oportunidade de trabalhar com a fotografia. Seu amigo, Valentim, trabalhava com fotografia há algum tempo, mas, insatisfeito, resolveu regressar em definitivo à Bolívia deixando para trás o Brasil e sua ferramenta de trabalho. Foi então que Alberto comprou a câmera e seus acessórios e pediu algumas instruções básicas.
Com coragem e disposição, numa manhã, resolveu ir ao Museu do Ipiranga. “Muitos turistas iam lá e gostavam de levar alguma lembrança. Quando cheguei tinha apenas um fotógrafo, era a chance que eu precisava”, relembra. Além do emprego, fotografando em frente ao museu, conheceu sua esposa, Maria de Carvalho.
Com a baiana teve seis filhos, e eles lhe deram quatro netos, que sempre vê aos fins de semana em casa, ou no trabalho aos domingos na Praça Kantuta, reduto da colônia boliviana em São Paulo. “atualmente só tenho um ajudante na barraca, selecionando as fotos e atendendo quem chega” conta.
Com milhares de fotos, novas e antigas, de eventos como a festa de Alasita (festa tradicional boliviana em que o catolicismo e o paganismo se fundem para celebrar o Ekeko, o deus da abundância) muitos bolivianos aproveitam para procurar amigos e parentes nas fotografias. Quem quiser levar a lembrança para casa, paga o valor de R$ 4 por fotografia.
O reconhecimento e prestígio veio devagar, ao longo de muitos anos de trabalho. Quando ainda trabalhava no Museu do Ipiranga, Dom Alberto descobriu pelo “boca a boca” que bolivianos se organizavam em espaços na região central da cidade para celebrar datas festivas e compartilhar histórias. “A partir de 1978 comecei a frequentar as festas e a fotografar a comunidade, desde então não parei mais."
Quando perguntado se há alguma festa que goste mais de fotografar, é enfático, “Amo o que faço, a diversão é conseqüência”.
A maioria das festas bolivianas são muito animadas, com música e muita dança, mas ja fotografou batismos, casamentos, formaturas e alguns eventos mais formais, como quando fotografou a ex prefeita Marta Suplicy e o falecido ex governador Mário Covas, quando visitaram uma escola em que prestava serviços.
Essas e outras fotos, guarda em sua casa, no bairro de Santa Cecília, no centro da cidade, e acabou construindo o maior acervo histórico sobre a ocupação da comunidade em São Paulo. Muito requisitado, sempre recebe em sua casa pesquisadores e estudantes, e atende a todos com boa vontade.
Torcedor fanático do Clube Bolivar na Bolívia, o pacenho torce pelo Corinthians no Brasil e diz que mesmo gostando dos pratos bolivianos não dispensa uma feijoada.
Contato com "Don Alberto"
Tel.: (11) 3826 0924
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