APARAPITA ou K’EPIRI
Historicamente na cidade de La Paz, como em muitos mercados (feiras a céu aberto) na Bolívia, existem pessoas conhecidas como aparapita ou k'epiri, que se encarregam de carregas as compras, (hortaliças, cereais ou pacotes em geral) em troca de um pagamento sensivelmente baixo; em contraste com quem opta por gastar muito mais na contratação dos serviços de um transporte motorizado.
Segundo o vocabulário folclórico do livro "Tradiciones Paceñas" de Antonio Paredes Candia, a palavra aparapita vem de apaña que significa “levar” e, da mesma forma, k'epiri seria traduzido como “moço de corda”. Nos seus primórdios, o aparapita, era o camponês aimará que se fixou na cidade em busca de trabalho ou melhores condições, e quando não o encontrou, dedicou-se ao trabalho de k'epiri "moço de corda", o que acabou por mermar a sua resistência física. Alguns deles vieram para a cidade na companhia de suas mulheres, que chegavama a mendigar nas ruas da cidade.
Foto: Archivo Cordero
Os pés dos aparapitas eram bronzeados pela intempérie, acostumados às sandálias de couro, que mais tarde foram substituídas pelas de borracha (recicladas de pneus de carro) que causavam suor frequente.
Foto de um aparapita publicado no livro "Imágenes Paceñas"
Diz-se que as pessoas costumavam oferecer ao aparapita um bom pagamento por uma longa distância de transporte da carga, mas depois na hora de pagar o prometido pagabam miseravelmente algumas moedas. O aparapita exigia, insistia, implorava, quase chorava, mas o coração duro de algumas pessoas ficava indiferente.
Aparapitas na Rua Comércio na cidade de La Paz, imagem tomada entre 1890 e 1923.
Para Jaime Saenz em sua obra “Imagénes Paceñas" o aparapita era um homem livre, e tanto quanto um homem como ele pode ser, que ganhava seu pão dependendo do seu cansativo trabalho recebendo, por outro lado, em vez de consumir bebidas alcoólicas, ele quase sempre preferia desfrutar de um bom almoço popular/econômico. Em muitas ruas, principalmente na Avenida Buenos Aires (zona comercial de La Paz), era normal ver vários aparapitas à noite toda sentados nas portas de rua com suas toalhas de mesa tipo poncho, “pijchando” (mastigando) folhas de coca, sem olhar e sem falar com ninguém, e assim ficavam até o amanhecer. Muitas vezes o fim da vida do aparapita foi trágico, ele poderia acabar em um canteiro escuro da cidade, envelhecido, sujo, totalmente maltratado e intoxicado por sua vida de ser desenraizado.
Foto: Archivo Cordero
Texto: Randy Chávez García
Publicidade
Cidade Solidária: parceria da Prefeitura com a APAS entra em operação e 102 supermercados da capital passam a receber doações para o programa
Os postos de coleta montados nesta quarta-feira (12/5) passam a receber alimentos, materiais de higiene e limpeza para as famílias que mais sofrem o impacto econômico da pandemia
Governo de São Paulo anuncia investimento recorde de R$ 200 milhões em projetos culturais
Edições 2021 dos programas de fomento ProAC Expresso Editais, ProAC Expresso Direto e Juntos pela Cultura somam R$ 180 milhões com aportes superiores aos de 2020 e novas...
Deixe um comentário
Quase lá...